trabalho realizado por:
Vítor Fragoso (ismai)
O Cérebro e as Drogas
Introdução:
É
um facto que as drogas constituem um problema enorme, cuja gravidade é cada vez
mais reconhecida. Existem no mundo milhões de toxicómanos que abusam de toda a
espécie de drogas. Essas pessoas prejudicam a sua saúde o seu bem estar e
comprometem a possibilidade de terem uma vida feliz. Por outro lado são um
numero de biliões as pessoas que sofrem em consequência das drogas; as famílias
dos toxicómanos e a sociedade em geral.
O
abuso das drogas e o tráfico ilícito de estupefacientes estão entre os
problemas mais graves que o mundo de hoje tem que enfrentar.
O
fenómeno da toxicodependência é extremamente complexo, cujas raízes devem
ser encontradas na intrincada relação de
aspectos sociais, culturais e filosóficos que representam a própria essência
humana. Assim sendo, o problema não
pode ser analisado de forma compartimentalizada, mas, ao contrário receber um
tratamento global.
Foi
devido aos factores apresentados que me propôs realizar um trabalho abordando o
fenómeno da droga ( "O Cérebro e as
Drogas" ), com o objectivo de melhor compreender as interacção das
drogas no sistema nervoso e no comportamento humano.
Aspectos
Históricos e Culturais do Consumo das Drogas
O
conhecimento de alguns aspectos históricos relacionados com o uso e consumo de
substâncias toxicas, não tem mero interesse académico. Eles ajudam-nos a
compreender, pelo menos em parte, hábitos, atitudes e normas culturais que
prevaleceram em relação ao uso passado e actual de drogas.
Um
ponto importante para a reflexão é que o hábito não nasceu de uma
determinada cultura e nem é recente, em praticamente todas as culturas e povos
encontraram-se referências ao uso esporádico de drogas, principalmente durante
cerimonias religiosas. Nesta ultima circunstância, o consumo de drogas só era
permitido ao xamã (líder religioso), que detinha a posse
da droga, o direito ao seu uso ou mesmo o segredo da sua obtenção.
Acredita-se que o xamã usava a droga afim de obter um estado de dissolução da
consciência (um estado alterado de consciência), que melhor lhe permitisse
"invocar os espíritos".
Encarado
sobre o prisma da Psicologia entende-se que
neste estado de turvação da consciência o xamã tinha os seus sentidos
apurados, e as suas fantasias poderiam fluir mais livremente, dando-lhe a sensação
de uma real aproximação dos poderes das entidades divinas.
Este
desejo de sair de si mesmo, de entrar no mundo do fantástico que parece
transcender as limitações do seu próprio eu, de experimentar uma sensação
de poder excepcional deve estar na raiz do impulso dos líderes religioso
primitivos de usarem drogas para atingirem esses estados alterados. Como se sabe
muitos destes líderes religiosos tronaram-se dependentes do uso e consumo de
drogas, passando a consumi-las para além das cerimonias religiosas, usando os
seus efeitos inebriantes para atingirem um
status social diferenciado, na medida em que os transtornos mentais
associados ao consumo de drogas foram durante muito tempo e em
Em
outras culturas, observa-se que o uso de drogas está também l vinculado a
diversos tipos de cerimonias grupais. O álcool é o exemplo mais típico desta
situação, mas outras drogas também eram usadas. Entre os índios mexicanos, a
mescalina e o peiote eram usados por diversos membros da comunidade tribal
durante as festas, fossem elas de cariz religioso ou não. Nestes casos pode-se
compreender que a droga actuava como um factor facilitador da coesão grupal e
social, inebriados pela droga os integrantes do grupo tornavam-se mais alegres e
sociáveis, facilitando e favorecendo a sua participação nas actividades
festivas do grupo. É este, provavelmente, o traço cultural observado com mais
frequência ao longo dos tempos. Diferentemente do feiticeiro que consumia
drogas para mistificar a sua imagem e vivênciar um momento de proximidade
com as suas entidades divinas, numa festa os indivíduos ingerem drogas
simplesmente para relaxar sua censura e integrar-se aos sentimentos alegres do
grupo.
Creio
que o alcoolismo sempre foi um exemplo característico a ilustrar esta
realidade. Como toxico muito difundido, o seu uso tem sido desde sempre bem
tolerado, em situações que a sociedade rotulou como permissíveis. É raro
encontrar um grupo cultural onde não se observe o uso do álcool em diversos
tipos de comemorações. A sua imagem está mesmo, ligada à ideia de lazer em
grupo. Por outro lado o abuso de bebidas alcoólicas é condenado socialmente.
No entanto, em que pese sua virulência relativamente baixa, é grande o número
de pessoas que passa a fazer uso exagerado de bebidas alcoólicas, como forma de
aliviar a sua ansiedade ou, enfim, escapar a uma realidade que se lhes afigura
desesperosa.
A história mais recente mostra que as reacções da sociedade face ao uso de drogas, são muitas vezes ambíguas, quando não incoerentes, visto que a sociedade está cada vez melhor e mais informada, acerca dos malefícios provocados pelas drogas, mas parece continuar a crer ignorar as consequências do consumo e abuso das mesmas.
Dependência
Física e Dependência Psíquica
Dependência
física:
Algumas
drogas podem causar um estado de dependência
física, situação em que, se ocorrer uma privação, o organismo
desenvolverá uma reacção característica conhecida como "síndrome
de abstinência". A dependência
física resulta de um processo de adaptação do organismo à droga e
independente da vontade do indivíduo.
As
síndromes de abstinência a algumas drogas são muito características, como no
caso do álcool e da morfina e seus derivados. A abstinência do álcool provoca
ansiedade, alterações cardiovasculares e tremores grosseiros das mãos e da língua.
Em
estádios mais avançados de dependência pode desencadear um estado de
confessional onírico (Delirium tremens), onde, além dos sinais anteriormente descritos,
aparecem alucinações; visuais, auditivas ou tácteis, febre colapso
cardiocirculatório, podendo mesmo resultar na morte do indivíduo. Na síndrome
de abstinência morfínica, aparecem, a ansiedade, dores generalizadas, insónias,
suderose, pupilas dilatadas, vómitos e diarreia, febre e alterações
cardiovasculares graves.
Face
a drogas que provocam dependência física
é necessário que durante o tratamento de desintoxicação se mantenha a
droga em doses decrescentes por alguns dias, ou que se administre outra droga
similar a fim de evitar o aparecimento do símdrome de abstinência.
Por
analogia à terminologia empregada em bacteriologia, chama-se de virlurência ao poder que
a droga tem de causar dependência física.
A morfina seria a droga de maior virulência.
De forma geral, todos os opiáceos (
morfina e seus derivados sintéticos, o ópio e as heroína ), têm grande virulência.
A virulência do álcool é bem mais baixa do que a observada entre os
opiáceos, mas não é nigligênciável, não é raro observar situações de
pessoas que têm o hábito "cultural" de ingerir quantidades moderadas
de álcool diariamente, que mais tarde acabam por desenvolver
um estado de dependência física, mesmo na ausência de
dependência psíquica.
Dependência
psíquica:
Trata-se
de uma situação em que existe um impulso muito forte, que exige a administração
de droga para produzir prazer ou evitar mal-estar. Seguramente, é o aspecto
mais importante a ser considerado em todos os casos de toxicodependência. A dependência
psíquica indica a existência de alterações da personalidade que conduzem
ou favorecem a aquisição ou manutenção do hábito.
Quando
existe dependência psíquica sem dependência
física, o símdrome de abstinência é menos grave e menos característico.
Os sintomas mais característicos são a ansiedade, os tremores, as palpitações
e a sensação de mal-estar. Outros sintomas também podem aparecer, mas os
riscos de aparecimento de problemas cardiovasculares são menores, e a
probabilidade de morte é muito pequena, excepto, é claro, se em decorrência
de ansiedade o indivíduo tentar contra a própria vida.
A
dependência psíquica pode ser observada em relação a todos os tipos de
drogas. Desde o simples hábito de tomar café ao uso de analgésicos e
calmantes, do cigarro e das restantes drogas, observa-se que há pessoas transpõem
a barreira do prazer de se administrar esporadicamente um tóxico para se cair
no estado de dependência, por exemplo: uma mulher que não consegue dormir sem
tomar um comprimido, mesmo que seja um placebo, sabe avaliar o sofrimento que a
dependência física acarreta. Da mesma forma que um viciado em cocaína fará
tudo para obter a droga que necessita, mesmo que para isso tenha que recorrer à
criminalidade, para satisfazer o seu impulso de consumo de droga.
Tolerância
e Tolerância Cruzada
Uma
das formas de defesa do organismo face à acção das drogas é o mecanismo de tolerância.
Ela significa que com o passar do tempo o uso regular de uma droga nas mesmas
doses produz um efeito cada vez menor sobre o organismo, ou seja passa a haver
necessidade de doses cada vez maiores para se obter o mesmo efeito.
O
fenómeno de tolerância é responsável pela necessidade, tão frequente, que os
viciados têm de administrar doses crescentes do tóxico.
Na
tolerância cruzada ocorre que o uso continuado de uma droga leva ao
estabelecimento de tolerância não somente em relação a ela mas, também, em
relação a outras drogas similares ou não.
A
tolerância e a tolerância cruzada são usualmente observadas em relação a
quase todas as drogas que causam dependência. O álcool, os barbitúricos, os
opiáceos e as anfetaminas provocam tolerância em maior ou menor grau. Com o álcool
e barbitúricos ocorre tolerância cruzada bem como em diversos opiáceos.
As
drogas introduzem-se no nosso organismo a partir da sua acção em certas células
provocando efeitos fisiológicos e psíquicos, a maior parte das vezes nefastos
para a saúde de quem as consome.
Estes
efeitos são dominados por certos produtos (opiácios principalmente), pela criação
mais ou menos rápida de uma irreprimível necessidade de consumir sempre (é a
dependência), e sempre mais (é a tolerância ou habituação), da substância,
não para reencontrar as sensações conhecidas, mas, para evitar a intensa doença
que acompanha a sua privação, o símdrome de abstinência
("ressaca").
Os
neurotransmissores, receptores e a neurotransmissão:
A
descoberta da implicação de produtos químicos fabricados pelo organismo, os neurotransmissores,
no processo de transferência de informação entre células nervosas (neurónios),
é uma das aquisições mais fecunda da farmacologia contemporânea.
Um
primeiro grupo de neurotransmissores foi chamado de neuromediadores. Os
neuromediadores transmitem o influxo eléctrico de um neurónio para o outro. As
primeiras moléculas identificadas, no princípio do século XX, foram a acetilcolina e a adrenalina,
outras foram isoladas entre 1930 e1960, que se tratava monoaminos
(dopamina, adrenalina, noradrenalina,
serotomina, histamina), ou de ácidos aminados (glicina, GABA, etc.). O
seu papel na neurotransmissão não tardou a ser reconhecido.
Os
neurotransmissores concentram-se na terminação nervosa, no termo da síntese
que os produz e que está localizada no próprio neurónio.
No
princípio dos anos 70, os bioquímicos descobriram um segundo grupo de
neurotransmissores, que não têm nada a ver sobre o plano químico com os
precedentes, os neuropéptidos.
Trata-se de pequenos encadeamentos de aminoácidos (péptidos).
Estes são igualmente produzidos pelos neurónios.
A
semelhança é aqui radicalmente diferente pois que o neurónio não deve ser
visto sob o único aspecto da transmissão de um influxo nervoso, mas sob o da
produção de um "mensageiro" susceptível de agir para lá do espaço
sináptico, daí a produção de uma verdadeira hormona.
Os
neurótransmissores e os neuropéptidos
foram isolados; a maioria muitas vezes localizados num mesmo neurónio: os dois
sistemas
O rendilhado neuronal
O rendilhado neuronal é de extraordinária
Em
1973, três equipas dos EUA e uma da Suécia (as de E.J Simon e de S.H. Snyder
dos EUA e a de L. Terenius na Suécia), provaram a existência
de uma forte e especifica
ligação entre certos opiácios e certas estruturas da membrana de diversas células,
conhecidas em zonas do cérebro por induzir uma resposta à acção da morfina,
estavam descobertos os receptores para os opiácios.
Com
isto supõe-se que existem naturalmente moléculas aptas a interagir com
receptores. As investigações permitiram isolar em 1975 dois pequenos péptidos,
baptizados
encefalinas. Estes produtos portanto diferentes dos morfínicos na sua
estrutura química, adoptam no espaço uma forma análoga à dos opiácios, isto
explica que os sítios de fixação celulares sejam idênticos.
Este
grupo (as encefalinas), é constituído por péptidos (endorfinas e endomorfinas), cujo papel principal é controlar a dor.
As
zonas do cérebro particularmente ricas em receptores aos opiácios são os
corpos estriados e o hipocampo, o sistema límbico em geral, o hipotálamo e a
hipófise.
Encontramos
também receptores aos opiácios nos tecidos periféricos, por exemplo a nível
intestinal, razão da diminuição das contracções quando do uso de opiácios
e da obstipação que se segue.
As
relações entre os neuropéptidos e os neuromediadores são complexas. Existe
uma interacção entre as endomorfinas
e os neurónios produtores de dopamina
e de noradrenalina, o que explica numerosos efeitos da morfina tanto
sobre o psíquico (euforia, excitação), como sobre o físico. Isto explica
também o interesse da administração de substâncias activas sobre os receptores centrais da noadrenalina (chamados também noradrenégicos), quando da separação
em opiácios.
Os
receptores aos opiácios não são efectivamente senão uma família de
receptores entre numerosos outros, existem de maneira similar, receptores
capazes de fixar os tranquilizantes que tratam a epilepsia, o alucinogénios, os
canabinoides, etc.
Como
o nome indica, os psicotrópicos (substâncias que manifestam a sua acção
essencialmente sobre a psique), fixam-se principalmente no cérebro, onde
determinam efeitos psíquicos procurados pelos consumidores de droga, assim como
manifestações paralelas indesejáveis em ambos os casos.
Todas
as drogas interferem com a transmissão nervosa. A sua acção não é univoca,
ela está implicada muitas vezes, directa ou indirectamente, em vários
neurotransmissores situados em regiões mais ou menos específicas do cérebro.
Interacções
mais importantes entre os principais psicotrópicos
Drogas |
Principais
sistemas de transmissores implicados |
Tabaco |
Noradrenalina,
acetilcolina |
Cannabis |
Dopamina, noradrenalina,
adrenalina, acetilcolina, Serotonina,
GABA |
Alucinogénios |
Serotonina,
acetilcolina |
Opiácios |
Endomorfinas,
dopamina |
Álcool |
GABA,
dopamina, noradrenalina, endomorfina |
Cocaína
e Psicoestimulantes Mais
importantes |
Dopamina,
noradrenalina |
O
cérebro humano é o mais evoluído de todos. É constituído pela sobreposição
de três estruturas correspondentes a níveis muito diferenciados de interacção
e de transformação das informações. Duas estruturas estreitamente
interconectadas, desempenham aqui um papel essencial permitindo ao indivíduo
preservar as suas condições de existência no seu ambiente tanto exterior como
interior; o hipotálamo,
que controla controla o equilíbrio interior do nosso organismo, e o sistema
límbico,
que controla os fenómenos comportamentais, isto é nossos afectos e as nossas
pulsões ( é o cérebro das emoções).
A
acção dos opiácios sobre o locus coeruleus
O
hipotálamo
exerce um papel de interface entre o
sistema nervoso autónomo e o sistema nervoso consciente. Pelo sentido oblíquo
das aferências religadas à hipófise, ele regula a actividade endócrina e principalmente a
actividade sexual, a resposta ao stress, assim
como as necessidades elementares tais como a fome, ou a sede. Participa também
no controlo do processo imunitório e da diurese.
Algumas
zonas do hipotálamo controlam as funções de despertar, enquanto que outras
regulam o sono e a sedação. A acção divergente das drogas pode parcialmente
explicar-se segundo o seu lugar de impacto no hipotálamo.
Se
a transmissão noradrenégica domina neste último, encontramos aí igualmente
neurónios dopaminérgicos, serotoninérgicos e GABAérgicos, assim como fortes
concentrações em neuropéptidos.
O
controlo da actividade autónoma explica que as drogas activas a este nível
possam perturbar indirectamente a função cardiovascular (é o caso da cocaína
e do cannabis). O mesmo se pode dizer para a regulação da temperatura
corporal, os psicoestimulantes
serão de preferência hipertermisantes (aumentando a temperatura),
enquanto que os depressores do SNC
serão hipermisantes (diminuindo-a).
O
hipotálamo é o centro de controlo das emoções. Tendo cada indivíduo um
poder emotivo muito próprio, é evidente que as reacções determinadas pelas
drogas serão igualmente muito individualizadas.
Acção
das drogas no cérebro humano
Grandes
zonas do cérebro |
Implicação
no uso de drogas |
Neocortex
(cérebro cognitivo) Paleocortex
(s.
límbico e hipotálamo) Cérebro
"reptiliano" |
Acção
psíquica prazer
e recompensa overdose
e toxicidade aguda |
Algumas
drogas (álcool, hipnóticos, cannabis), actuam também sobre o cerebelo, que
regula o nosso equilíbrio e a coordenação dos movimentos.
Quando
o consumo é puramente ocasional, "recreativo", a eliminação do
produto pelo organismo restaura em geral todas as funções do cérebro. Em
contrapartida, a utilização generalizada (crónica), leva muitas vezes a
perturbações locais duradouras, estariam na origem de alterações materiais (vasoconstrição,
ou perturbação do metabolismo glucídio alterando de maneira mais ou menos
localizada as estruturas do cérebro). Por aí observamos como a acção das
drogas, no que diz respeito à neurotransmissão, afecta vastas populações
celulares ou zonas especificas do cérebro, conjunto do tratamento de informação
nervosa.
Principais
acções farmacológicas dos opiácios
Os
receptores aos opiácios estão espalhados no
o
hábito (mioses, vasodilatação cutânea, acção
O Efeito das Drogas Sobre a Sexualidade
Desde
os tempos mais remotos que o Homem procura incessantemente substâncias que exerçam
efeitos especiais sobre a sexualidade. Atribui-se este tipo de poderes a
alimentos, plantas e inclusive às drogas puramente químicas, característica
dos nossos dias. Já neste século o movimento hippy
impôs o estandarte das drogas e do amor livre e, nos anos 80, surgiu o
ectasy, outra droga de amor, assim denominada devido aos seus efeitos
sobre a sexualidade.
Segundo
o sexólogo David Delvin, (...)"um
bom número de substâncias ilegais que actualmente se consomem de forma
generalizada, estão em grande parte vulgarizadas porque nos ajudam a libertar
das nossas inibições" (...).
Mas
existem outros efeitos associados ao consumo das drogas; ser
mais potente, sob o efeito das drogas, os homens sentem-se mais seguros e
pensam que com certas substâncias como a cocaína terão uma erecção maior e
também mais prolongada. Outro é solucionar disfunções, por exemplo quem
sofre de ejaculação precoce por vezes consome cocaína para retardar o orgasmo
podendo assim satisfazer a sua companheira. Mas muitas vezes a falta de excitação
sexual aparece devido ao uso prolongado de drogas e alguns farmacos, assim nem
tudo são vantagens.
Os
sexólogos afirmam que, sob o efeito das drogas, as relações sexuais costumam
ser mais rápidas e menos elaboradas. E quando se abusa de certas substâncias
sobretudo do álcool, a desinibição é tal que se pode chegar a perder o
controlo.
50
a 100% dos toxicodependentes são indivíduos com perda do desejo, dificuldade
eréctil e ejaculação retardada.
O
Cérebro as Drogas e a Sexualidade
O
Efeito das Diversas Drogas sobre a Sexualidade
Substâncias
Alucinogénicas:
Costumam
aumentar a excitação sexual, já que favorecem o aparecimento de diferentes
alucinações ópticas, tácteis, auditivas... mas estas sensações também
podem provocar, em alguns casos experiências aterradoras.
ð
LSD:
o
seu princípio activo é uma síntese do ácido lisérgico, que modifica as funções
de alguns neurotransmissores, alterando a percepção sensorial.
Efeitos
Imediatos:
a experiência costuma ser difusa e o orgasmo menos absorvente. No ambiente
adequado, parece favorecer a relação sexual, ainda que a distorção da percepção
que provoca induza a uma relação mais narcisista que interactiva.
A
Longo Prazo:
o uso contínuo pode provocar a diminuição
do desejo e desejaculação, devido a prováveis alterações da seratonina que a acção deste ácido desencadeia.
Redutoras
da excitação:
Ainda
que este tipo de drogas, ao eliminar em parte o controlo cerebral, ajudem a
reduzir as inibições, também diminuem a actividade do organismo em geral,
dificultando desta forma a resposta sexual durante as relações.
ð
Cannabis:
tanto a marijuana - folhas secas de cannabis
- como o haxixe - resina da planta - aumentam as dopaminas.
A
longo Prazo:
reduz os níveis de testosterona e pode causar diminuição de espermatozoides,
alterar o ciclo menstrual ou interferir com a ovulação, reduzir o desejo
sexual e causar disfunção eréctil.
ð
Opiácios:
a
heroína, a morfina, o ópio ou a metadona actuam sobre os receptores cerebrais,
que comandam o efeito analgésico e que provocam prazer.
Efeitos
Imediatos: nos
homens pode atrasar a ejaculação e em algumas mulheres ajudar a desinibir e a
relaxar.
A
longo Prazo:
o consumo crónico diminui o desejo
sexual. Os homens são afectados por incapacidade de ejaculação e impotência.
No caso das mulheres ocorre anorgasmia e ausência de menstruação.
ð
Álcool:
depressor do sistema nervoso que
permite autonomia aos centros implicados nas emoções provocando desinbição.
Efeitos
Imediatos:
em doses baixas tem efeitos afrodisíacos
e desinibe, mas em doses elevadas trava o processo de excitação.
A
longo Prazo: o
consumo prolongado pode bloquear de forma permanente a resposta sexual e provoca
impotência.
Estimulantes
ou activadoras:
Inicialmente,
facilitam a resposta sexual em pessoas com níveis de excitação baixos, mas
podem Ter efeitos contrários em pessoas com níveis altos de actividade.
ð
Cocaína:
aumenta a libertação de dopamina, estimulando
desta forma o sistema nervoso central.
Efeitos
Imediatos: em
algumas pessoas pode aumentar o desejo, a duração das erecções e a
intensidade do orgasmo e, em outras, inibir o impulso sexual.
A
Longo prazo:
um consumo elevado e prolongado pode provocar disfunções sexuais, além de
resultar em infertilidade masculina e feminina.
ð
"SPEED":
o princípio activo desta substância é o sulfato de anfetamina, que possui a
capacidade de aumentar a libertação de dopamina no organismo.
Efeitos
Imediatos: em
dose menores, pode aumentar o desejo e facilitar o orgasmo, mas em doses
elevadas elevadas dificulta o orgasmo.
A
Longo Prazo:
o uso contínuo parece provar diminuição
do desejo. Nos homens, podem surgir dificuldades de erecção e de ejaculação
(retrógada).
ð
"ECTASY":
à base de
metilenedioximetanfetamina, provoca um aumento da libertação de derotonina.
Efeitos
Imediatos: em
pequenas doses aumenta o desejo de contacto físico e a libido, mas em
quantidades elevadas provoca taquicardias.
A
Longo Prazo: toxicidade
neuronal, diminuição da libido e do rendimento sexual.
Conclusão:
O
t O
Tema Droga é sempre difícil de abordar, mas há que saber encara-lo
como uma realidade, infelizmente assustadora dos nossos dias. Muitas pessoas
preferem ignora-lo, mas há que discuti-lo e saber enfrenta-lo. Vivendo nós num
mundo onde a solidão se encontra perdida no meio desta imensa multidão,
torna-se difícil para muitos ultrapassarem os seus problemas, as suas
dificuldades de adaptação à sociedade ( nesta enorme "aldeia
global"), onde o individualismo é cada vez maior, em detrimento da
inter-ajuda.
Por
estas razões as pessoas recorrem cada vez mais às drogas como forma de
escaparem a essa solidão, a esse sofrimento, que por vezes representa a
realidade dos nossos dias.
Após
a realização deste trabalho, pode concluir-se que as drogas interferem
gravemente no funcionamento do nosso sistema nervoso, podendo provocar lesões
irreversíveis, alterando o nosso comportamento e a nossa personalidade. E que
sem dúvida alguma o estudo da interacção das drogas com o sistema nervoso é
bastante complexo.
Apesar
de não ter conseguido atingir o meu objectivo na integra, a realização deste
trabalho foi deveras interessante e construtiva.
Copyright © 2001 Psicoforum - Vítor Fragoso